sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Trip para Passa Vinte - Parte 2


Depois da primeira trip para a Gruta de Passa Vinte, fiquei muito satisfeito e despreocupado por saber que existia um lugar como aquele a poucas horas de casa, satisfeito pelo fato de poder voltar a qualquer momento, mas principalmente despreocupado por ter a certeza de que o local está sendo muito bem explorado e cuidado pelos conquistadores, que estão fazendo um trabalho excepcional, não só de limpeza e manutenção das vias mas também de instrução e socialização com os proprietários do terreno. Na semana seguinte retornamos, dessa vez, Eu, Brito, Daniel Fen e o fotógrafo/escalador Pedro Stabile, no mesmo horário e pela mesma rota de outrora para mais um fim de semana espetacular num dos lugares mais exóticos e belos que estive. Tivemos também a presença dos escaladores locais e conquistadores do pico, Juliano Magalhães, Valdinei Batista, Diogo Pokemon, Tarcísio e Filipi Mury que nos receberam muito bem e multiplicaram as boas vibrações que traziamos.
Como até então, a equipe que fazia o trabalho de abertura de vias e manutenção do local ainda não havia "degustado" integralmente suas "criações", aproveitaram o fim de semana para fazer força. Com isso motivou ainda mais os visitantes, que estavam ali em busca do êxito das vias que ficaram pendentes na ocasião anterior e super empolgados para conhecer o máximo de vias possíveis.
Após observar algumas entradas da galera local nas vias: "Tapa na Cara", "Gênesis" e no projeto "Entre a Escuridão e a Sombra" a ansiedade aumentava e logo na primeira tentativa do dia Brito "Audaz" caiu indo para a última agarra da "Tapa na Cara", movimento principal e decisivo do crux, tendo a certeza que era questão de tempo. Em seguida, Daniel Fen faria uma "quase" ascensão da via "Gênesis", pois, depois de clipar a última costura da via e ainda segurar a última agarra com uma das mãos, deixou a cadena escapar e caiu ao tentar segurar o pêndulo do pé esquerdo. Enquanto Pedro Stabile registrava cada detalhe com sua câmera, as 3 vias mais acessíveis eram escaladas incessantemente pelos frenéticos escaladores. Até que Brito conseguiu cumprir sua missão e concluiu seu projeto pessoal até o momento, deixando todos animados. Mais uma vez descemos a trilha no escuro, porém um pouco mais cedo do que na semana anterior já que tinhamos tudo esquematizado para nossa estadia e alimentação.
No domingo somente os visitantes compareceram, os locais haviam feito a cabeça e teriam compromissos a cumprir, mas a energia continuava contagiante e a motivação lá em cima. Assim que chegamos na falésia ainda me sentia um pouco ansioso em relação a via que me aguardava, e no dia anterior havia escalado com apenas uma queda. Senti que em qualquer entrada podia ter sucesso, então resolvi conhecer outra linha para desviar a atenção. Entrei com o Pedro numa via que não sei o nome e que fica no meio da falésia, tendo como acesso uma corda fixa. Depois de tirar as teias de aranha, limpar algumas agarras, isolar todos os movimentos e equipar a via toda, o tempo tinha passado rapidamente e perdi quase 1 hora. Pedro entrou de top rope (pois seria impossível desequipar de outra maneira devido a negatividade) e depois de alguns minutos tirou todo o equipo da preda.

Descansei alguns minutos, entrei no projeto e ao escutar a palavra "cadena" não me senti confortável e escalei de corpo mole, tive que dar mais uma entrada e pedir para que meus camaradas substituísse "cadena" por "escaladão", assim, consegui a ascensão da via.
Como já era tarde e deixamos para desequipar as vias na última hora, tivemos que agilizar a descida para terminar a trilha com o mínimo de luz necessário, porque não tinhamos lanterna. Na volta , mais uma vez, estavam todos satisfeitos e cansados (ou descansados). Valeu muito a pena o retorno, ainda mais para quem achava que tão cedo iria conhecer essa falésia incrível e essa escalada marcante.
Agradeço e parabenizo os conquistadores (citados e não citados) pela hospitalidade, simpatia, serviços prestados a comunidade subidora de preda e pelo empenho no desenvolvimento da escalada na região e por consequência do nosso País.






Por Bernardo Biê   


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