Foram 8 dias de escalada no melhor estilo "aventura" onde o preparo, planejamento e muita disposição fazem a diferença.
Tiago Dias, Bernardo Paiva, Lucas Marques e Bruno Bretas no Refúgio das Águas
Pegamos uma carona com os escaladores Tiago Dias e Bruno Bretas chegando ao Refúgio das Águas na sexta (16/6) de noite. Devido a chuva e tempo ruim passamos a noite no conforto do Réfugio e logo na manhã seguinte eu e Lucas começamos a caminhada em direção ao Vale dos Deuses, onde depois de algumas horas caminhando com mochilas pesadas chegamos encharcados.
Nossos amigos decidiram sabiamente por nao subir, ja que vieram apenas para o fim de semana e a chuva não parecia terminar.
No domingo chegaram Cláudia Farias e Diogo - âmbos escaladores de São Bento do Sapucaí - para unir as forças e passar a semana escalando na região.
Passados os dois primeiros dias com chuva, finalmente o tempo abriu e as montanhas já apareciam para serem apreciadas. Em pouco tempo estava tudo seco e corremos para começar os trabalhos na via "CERJ". Localizada no Capacete, a via é uma das clássicas do local. Escalada variada, ideal para aclimatar com as escaladas nessa montanha.
No dia seguinte caminhamos um pouco mais para escalar no Pontão do Pico Maior, fizemos a linda via "Sol Celeste" numa cordada de 3 escaladores, eu, Lucas e Diogo. Já pensando na escalada do dia seguinte, passamos na base da via "Decadence Avec Elegance" para deixar alguns equipamentos, assim facilitaria a aproximação na manhã seguinte. Passamos e repassamos o croqui da via, além de pegar alguns betas com o Diogo.
Saimos as 4h do acampamento e as 6h estávamos devidamente prontos para a ascensão. Durante 7 horas passamos escalando a incrível linha de 17 enfiadas que percorrem os 700 metros de rocha íngrime do Pico Maior - um dia muito bom de escalada.
Para finalizar a descida foi rápida e tudo saiu como esperávamos, entorno de 1 hora rapelando estávamos caminhando para o tortuoso e revigorante banho frio do final da tarde.
Já totalmente imersos na atmosfera mística do lugar voltamos nossos olhos para as diversas vias que estavam a nossa frente, no Capacete e Caixinha de Fósforo. Escalamos, novamente, em 3 escaladores as duas primeiras enfiadas da via "Fêmeas Efêmeras" na Caixa de Fósforo e sentimos o gostinho desse estilo peculiar de escalada - fenda de mãos perfeitas e técnica.
No fim de semana as paredes ficaram bem frequentadas e outros amigos apareceram para cordadas no Capacete, foram em média 20 pessoas escalando a montanha. Nesse dia fizemos em duas duplas a via "Roberta Groba" no Capacete, eu e Cláudia, André "Godoffy" e Bruna Hirsch. No fim confraternizamos no cume com 7 amigos (Luiz Islu, Daniel Fen, Guilherme Grilo, Mônica Fillipini, Diogo, Rodrigo Braga e Joana) que escalaram a via ao lado, "El Kabong". Destaque para as mulheres que encheram de graça e leveza a parede nesse dia, foram pelo menos 8 meninas que fizeram o cume.
No noite do último dia resolvemos descer para o Refúgio das Águas para encontrar alguns amigos que precisavam de ajuda com mochilas, mas ao chegar descobrimos que haviam desistido de subir e estavam de partida para o Rio de Janeiro.
Inconformados com a desistência de nossos amigos e, ao mesmo tempo, diante de uma indomável vontade de subir todas as pedras ao redor, aliado a isso uma incrível lua cheia prateada no céu, decidimos por volta das 20h que deveriamos fazer aquilo que mais queriamos estar fazendo em todos os momentos... escalar!
Em poucos minutos subimos a trilha na disposição de quem acabava de acordar para a vida e lá estávamos arrumando nossas mochilas com destino ao Capacete para escalar a via "Sólidas Ilusões". Numa lua cheia impressionante, ventos fortes e frios faziam com que a rocha se tornasse totalmente aderente, quase sem precisar usar lanternas frontais fizemos uma das escaladas noturnas mais doidas que poderia imaginar, terminando a via as 1:30h da matina. Acessamos o cume comemorando como nunca a temporada de escaladas nos Três Picos. Fechando com chave de ouro a breve trip para esse lugar fora do tempo. Mais inspirados do que nunca para realizar o que realmente nos motiva: escalar sempre.
Por Bernardo Biê
Apoio: Edelweiss
Fotos: Bernardo Rubim, Tiago Dias e Mônica Filippini
Video: loucosdepreda.blogspot.com