terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Campo Escola 2000 e a evolução da escalada esportiva

Muitos já ouviram falar da famosa falésia do Campo Escola 2000, situada no Parque Nacional da Floresta da Tijuca, Rio de Janeiro, e da sua relação direta com a evolução da escalada esportiva Nacional.
Até onde sei, a história desse local começou na década de 80 com a conquista da clássica via "Pedrita", que na verdade foi escalada pela árvore que sobe paralelamente a pedra para então ser conquistada de cima. Como na época os materiais de escalada e as técnicas de ascensão eram limitados, os oitavos graus ainda eram raros, a conquista desse pico futurista e os recursos usados para tal podiam ser considerados arrojados, assim como seus conquistadores e colaboradores.
                             Rafael Weksler na via "Migalhas Indecentes"

Durante algum tempo acreditou-se que as vias desse local seriam possíveis apenas apartir do ano 2000, pois até lá os escaladores já teriam obtido força/técnica suficiente para chamar aquilo de "campo escola" e dai surgiu o nome para a falésia. 
Nessa época a noção de futuro era diferente da que temos nos dias de hoje e no ano 2000 tudo seria, digamos, "hightech", como no desenho dos Jackson's, onde carros voavam pelos céus, super computadores e robôs participavam diretamente da vida das pessoas etc.

                                  Pedro Raphael na via "Ziquizira"

Ainda na década de 90 com a participação de experientes e fortes escaladores como Luís Cláudio Pita, Helmut Becker, Fabio Muniz, entre outros, os mitos e as vias mais difíceis iam sendo superados um a um. Na mesma época, conquistas e cadenas de vias como: "Coquetel de Energia", a polêmica "História Sem Fim", a explosiva "Ziquizira", e a sólida "The Hunter", todas propostas de décimo grau, pareciam consolidar o momento de maior evolução desse estilo de escalada, curiosamente antes do previsto conforme a expectativa dos demais escaladores de que apenas no ano 2000 essas façanhas seriam possíveis.
                               Bernardo Biê na via "História Sem Fim"

Com o passar dos anos, com o aumento de frequentadores de todo o País e inclusive do exterior, a maior dedicação aos treinamentos, a difusão do esporte, o desenvolvimento de técnicas e o intercâmbio entre escaladores, entre outras coisas, tornou possível aquilo que os conquistadores profetizavam. Nos dias de hoje vemos constantes ascensões de vias fortes e o surgimento de outras propostas, como extensões, projetos e links até então pouco vizualizados.
Atualmente, apesar de quase "saturado" de vias o local ainda é referencia no que diz respeito a evolução, e futuras gerações terão a oportunidade de desfrutar de um dos melhores picos para escalada esportiva do Brasil.

                           Guilherme e Daniel Peixoto na via "Frases Feitas"

A falésia conta com vias que variam entre 7c(br) até 10c(br), entre projetos que podem chegar a 11b(br), sendo eles a extensão da "Coquetel de Energia", a saída da "Ziquizira" e a conexão das vias "Trans Amazônica" e "História Sem Fim" recentemente visualizado e isolado por escaladores locais, sem contar os antigos projetos "Carta na Manga", "Garoto Enxaqueca" e "Absinto", que com exceção do primeiro, ainda não contam com cotação de grau. 

                          Felipe Camargo na via "Coquetel de Energia"

Aproveitando a oportunidade para agradecer todos os envolvidos na conquista e manutenção desse local histórico, além daqueles que até hoje com muita dedicação, disciplina e principalmente talento, contribuíram para a evolução da modalidade.
Obs: As datas citadas podem não corresponder com as devidamente registradas, assim como todos os fatos e informações foram extraídos de conversas com escaladores mais antigos, filmes, sites, revistas, além de fontes informais.
 
Por Bernardo Biê 
    

 

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