domingo, 11 de novembro de 2012

Repetição da via "Canino Cascudo" na Pedra Hime


Localizada no Parque Estadual da Pedra Branca, em Jacarepaguá, a Pedra Hime se destaca ao longe devido a sua verticalidade, sendo a principal característica da face que é situada a via "Canino Cascudo".  A formação da Pedra Hime lembra um pouco o Pão de Açúcar, algumas características da via remetem as escaladas do Totem, principalmente pela inclinação que em alguns pontos chegam a atingir ângulos negativos.

Bernardo Biê na primeira enfiada da via "Canino Cascudo" - foto: Felipe Dallorto.

Até onde se sabe essa é uma via muito pouco frequentada, talvez poucos escaladores se interessaram em repeti-la. Isso era visível devido a quantidade de teias de aranha espalhadas pela via. Por esse motivo decidimos fazer um croqui detalhado para que outros escaladores se motivem a frequentar essa parede alucinante.

Bernardo Biê na terceira enfiada da via "Canino Cascudo" - foto: Felipe Dallorto.

Começamos nossa empreitada partindo de ônibus da Barra até o centro da Taquara onde pegamos uma van até a comunidade da Ilha do Sapo, que fica nos arredores da Pedra Hime. De lá demos início a caminhada que leva entorno de 40 minutos até a base da via. A trilha é bem sinalizada com trechos que passaram por recente manejo e manutenção pelos integrantes da U.E.J. (União dos Escaladores de Jacarepaguá.), mesmo assim há trechos onde a trilha parece fechar um pouco dificultando a orientação na parte final.

Felipe Dallorto na quarta enfiada da via "Canino Cascudo" - foto: Bernardo Biê.

A via começa ao lado esquerdo de uma árvore e segue muito bem protegida por grampos de meia polegada, o que torna a navegação bem óbvia. O primeiro lance para proteger o primeiro grampo exige atenção, além de ser o crux da enfiada (A0/8a), desse ponto em diante a via segue por um lindo diedro graduado em 7c. A segunda enfiada é bem curta, da parada não é possível ver o segundo grampo porque ele está escondido, o terceiro grampo fica muito a esquerda fora da linha da via, obrigando o escalador a sair da linha das agarras mais sólidas para proteger o lance. Esse ponto requer uma boa leitura e bastante atenção ao pêndulo ocasionado por uma possível queda.

Felipe Dallorto na horizontal da quarta enfiada da via "Canino Cascudo" - foto: Bernardo Biê.

Na terceira enfiada a via perde inclinação seguindo por uma incrível canaleta amarelada. A medida que o escalador ganha altura as agarras vão se tornando menos sólidas e nesse ponto já é possível usar proteções móveis caso julgue necessário. Na quarta enfiada a parede volta a ganhar inclinação, chegando a ficar negativa depois da sexta proteção, onde começa a sequência do segundo crux da via cotado em 7b. Vale ressaltar que para proteger o primeiro grampo dessa enfiada é preciso passar por um lance desconfortável.

Felipe Dallorto no final da quinta enfiada da via "Canino Cascudo" - foto: Bernardo Biê.

Apesar de não parecer, na quinta enfiada a via alivia a medida que o escalador avança em direção ao cume, sendo possível a utilização de proteções móveis em alguns trechos, principalmente antes da horizontal. As últimas enfiadas são curtas, existindo a possibilidade de emenda-las até o cume, já que lá tem uma parada dupla que é o final da via "Canino Sampaio".

Bernardo Biê e Felipe Dallorto no cume da Pedra Hime, Jacarepaguá.

Do cume a descida é feita por trilha. Caso seja necessário rapelar pela via é bom ficar atento as horizontais. O melhor horário para começar a escalar é a partir de 13h, que é quando a via começa a ficar na sombra. O tempo de duração pode variar de acordo com a velocidade da dupla de escaladores. Apesar da via ser muito bem protegida (o que facilita a orientação), vale ficar atento em caso de queda, principalmente na primeira enfiada onde existe a eminência de cair no chão antes de proteger o primeiro grampo, e na quarta enfiada onde o primeiro lance é esquisito em agarras duvidosas.

Croqui da via "Canino Cascudo" na Pedra Hime, Jacarepaguá.

O livro de cume da Pedra Hime fica escondido embaixo de uma laca invertida, perto da parada dupla que sinaliza o final da via "Canino Sampaio".




 Por Bernardo Biê

Nenhum comentário:

Postar um comentário