sábado, 4 de abril de 2009

Fim de semana na Disneylândia carioca

Depois de uma semana de chuvas forte no Rio finalmente eis que chega a tão esperada sexta-feira. Como de costume são disparadas várias ligações para amigos escaladores com o intuito de combinar com a galera vibe pra fazer aquela "farofa" nas predas e, como sempre, ouvi um "não vai dar pra mim" ali, outro "talvez role" aqui, um "tenho que buscar minha moto", outro "vai tá tudo molhado" e "já marquei com fulano para ir em tal lugar" e por ai vai. 
Arno e Biê na base do Totem
Alguns desanimaram por causa da água que vem caindo na cidade, outros preferiram ficar de verme mesmo, mas esse não foi o caso de Arno, um escalador curitibano gente finíssima que está residindo no Rio já faz alguns anos e escalando muito desde então. Pessoa de caráter bem ameno, tranquilo e pacato, escalador experiente e competente, muitos metros de rocha ariba dentre bons anos de prática fanática além de muita motivação.

                   
                                                      Arno na base do Totem

Arno guiando a 1ª enfiada da via "As lacas também ama"

Nada melhor do que uma parceria assim para subir as 6 enfiadas que havia planejado durante a semana inteira, além da enorme saudade de escalar nesse pico fantástico que é o Totem.

                  
PH e Biê na parada final da via "Lacas também amam"

Para aqueles que não conhecem ou nunca ouviram falar, o Totem fica na face sul do Pão de Açúcar e tem aproximadamente 300 metros de altura. Seu croqui faz parte do acervo da croquiteca da FEMERJ e está disponível no site: www.carioca.org.br.

Arno na via "Revolta dos Gravatás"

O local não poderia ser melhor, uma montanha perto de casa e de fácil acesso. A via então nem se fala, um passeio delicioso que mescla enfiadas com inclinações negativas, compostas desde agarras pequenas e quebradiças até fendas limpas e perfeitas, terminando com um positivo, digamos, chato.


Arno na via "Revolta dos Gravatás"

Super instigado acordei cedinho e cheio de disposição. Embarquei num busão e em pouco mais de 30 minutos (que maravilha é o Rio!!!) já aguardava meu parceiro de cordada conforme o combinado. Fizemos a trilha em ritmo constante e ao chegarmos na base já havia na via uma cordada composta por Paulo Henrique "PH" e Miguel, inclusive tinha comentado sobre essa possibilidade durante a trilha já que o clima estava perfeito. Aguardamos alguns minutos e assim que foi possível entramos de bicho na parede. Fomos escalando devagar a medida que a cordada de cima evoluía. Estava tudo seco e aderente, lembrando os dias de temporada que estariam por vir. Para melhorar, ainda batia uma leve brisa litorânea que refrescava o corpo. Muita curtição nas primeiras 4 enfiadas. Tiramos algumas fotos nas paradas para passar o tempo enquanto aguardávamos a cordada de cima evoluir. 

Nosso itinerário era o clássico, começava na "Sica em frente", em seguida "Limiar das lacas", as duas enfiadas da "As lacas também amam" e a "Revolta dos Gravatás" terminando no cume acessando a última enfiada do "Lagartão".

Pi-ra-mos ao escalar a fenda da segunda enfiada da "As lacas também amam" toda em livre e sem uma proteção se quer, coisa de loco...

Ao escalar pela primeira vez a enfiada da "Revolta dos Gravatás", Arno teve a agradável surpresa de descobrir o que essa parede tem de melhor. Com aproximadamente 30 metros de fenda constante - "essa é uma das melhores vias que já escalei", exaltava ele - o que dá o, digamos, charme a essa escalada magnífica.


Arno no lace do crux da via "Revolta dos Gravatás"

Posso dizer que essa é uma das rotas mais divertidas dessa parede. Um prato cheio para quem gosta de unir o estilo "atlético esportivo" ao "clássico de parede". 


Arno na última enfidada da via "Lagartão" que dá acesso ao cume

O que explica o título dessa postagem e que ao longo da minha infância, como qualquer garoto, sempre quis visitar a Disneyland em Orlando-USA, mas nunca tive a oportunidade. Após todos esses anos minha mãe outro dia veio me perguntar se eu não gostaria de ir para lá, porém os anos se passaram, o modo como vejo a vida e como me divirto mudou, além é claro, não tenho mais idade para isso. Talvez ela não tenha entendido muito (com certeza não entendeu) quando respondi que a minha Disneylândia era aqui e se chamava "Totem", e aos que já tiveram a oportunidade de estar lá sabe do que estou falando.

Fotos: Bernardo Biê e Paulo Henrique "PH"

Por Bernardo Biê 

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