O "Pueblo" mais fanático do mundo...é perfeito! |
As condições climáticas perfeitas somadas com a qualidade da rocha e história de "pedra" fazem toda a diferença...
Separados por um longo "charco", América do sul e Europa se mostram muito mais distantes quando alguns fatores são botados a prova. Adaptação, cultura/alimentação, cotidiano, clima, sem falar também que é sempre bem difícil organizar todas as coisas para poder vir de corpo e alma para poder escalar com todas as forças e focado no "presente”...É difícil se "dar bem" e se acostumar com todas as mudanças. Como diziam, o melhor escalador é aquele que melhor se adapta.
Deixar tudo para trás em busca do "sonho" é muito mais que
"viajar" para escalar, é dar um passo no vazio...
Dessa vez não foi diferente. Foram meses programando e
esperando o momento de vir, esperando o "chamado" para comprar a
passagem e começar a fechar todas as coisas no Brasil para então embarcar. Tive
um "contratempo" de uma lesão, mas nada que tirasse a vontade de vir
tentar por mais uma temporada os incríveis "projetos" da escola de
esportiva mais importante do mundo. Sair do Brasil por um lado foi bem difícil,
deixar os amigos, família, a cidade natal que me acolheu melhor que nunca... Por
outro lado foi um alívio, deixar coisas que não me fazem bem como sistemas
sociais falidos, companheiros de jornada "presos" no tempo,
competições inúteis que não levam a lugar nenhum...
Chegar e desembarcar foi aquela paz e alegria!!! Depois da entrada fui recepcionado pelo Schen que está aqui a alguns anos, amigo e companheiro de escalada está sempre motivado!! Foi perfeito, viemos direto para Siurana aonde o tempo clássico mostrava o frio e baixa umidade de uma temporada de dar gosto. O chão congelado e um sol de inverno faziam-me sentir o quanto é perfeito o clima de escalada que "derrama" das montanhas da Catalunia... É muito clássico!!!
Cornudella de Montsant. |
Agora especial mesmo foi perceber o quanto me sinto em casa aqui, a simplicidade do “pueblo, os amigos compartilhando o mesmo fanatismo, as casas, o clima de escalada, os locais de pura paz, o infinito visual de pedras que rodeia cornudella de montsant”... Chegando também tive uma surpresa enorme, na página do novo guia ilustrando o setor surreal da "la rambla" uma foto de alguém que passou por aqui na temporada passada...foram muitas "remadas"!!!Vlw Dani e Pete!!!
Capa do Guia. |
"Guia de Tarragona, Siurana, El pati, El mon de sofia 8b+ - Foto: Pete O'donovan ... Retrato de uma história..." |
Logo as primeiras semanas seguiram tranquilas, gastamos a
primeira nos organizando em um "piso" para poder escalar melhor,
descansar e etc. Faz uma grande diferença quando se compara em ficar em uma
"furgo". As manhãs agora são um prazer, podendo fazer um café
tranquilo em casa sem a necessidade de ir para algum lugar para se aquecer ou
até se sentir acolhido perante o frio. Estar em uma casa faz com que se
economize energia para poder escalar bem e ficar longas horas exposto as
condições extremas de inverno.
Sobre escalada passei o primeiro mês me adaptando e saindo
de uma lesão graças a grande paciência e a apiterapia (http://www.apiterapia.com/introduccion.htm). A paciência é o fator mais importante para quem deseja
ultrapassar o "limite particular estabelecido". Além dos trabalhos
cotidianos (Fisioterapia, massagens, contraste, "finger terapeutico" , muro...) e escaladas fáceis para voltar a ativa, começamos equipar um provável 9a/+ fr (11c/12a) no setor "can piqui pugui" que assim foi graduado por Dani
Andrada. Foi incrível poder ver os movimentos que existiam em mente serem
solucionados com certa dificuldade. É realmente difícil e ainda mais sendo
bem "bouderistica" a linha, aliás todas as vias localizadas nesse setor tem essa característica...
Provei a via e muitos movimentos nem pude
executar e em outros pontos da via nem conseguia parar em pé. Sei que isso é
normal quando provamos coisas muito além dos nossos limites; mas com o tempo
tudo melhora e a cabeça abre, ao final as "passadas" parecem estar
cada vez mais perto... Projeto é assim.
Can piqui pugui |
Um começo "meio factível" de (7c+/8afr? de via) de 3 costuras, depois um boulder de 4 movimentos que imagino ser mais que v8/9 (7c)? e clipa uma costura,
entra em outro boulder de 1 movimento que deve ser mais que v10/11(7c+/8a)? ...Um dinâmico
daqueles saindo de 2 buracos e lançando a outro bem longe de "esquerda"... Clipa outra e entra em mais um boulder que pode ser v9?(parte que é bem difícil de apenas se manter na pedra e buscar
outra agarra) e depois um final de resistência "factível" de 4 costuras (7cfr? de via) com "um
passo" dinâmico e técnico no final da "placa"; clipa a cadena. Claro que para mim fica bem
difícil executar as "sessões" mesmo separadas, mas tenho certeza que
muitos escaladores de ponta conseguem enxergar de outra forma toda essa
sequência que chega parecer impossível no primeiro "pega"...
Foi um presente encontrar essa linha,
eu e Magi começamos na temporada de 2011/12, equipando e visualizando os
pontos de proteção, mas não havíamos finalizado pois existia uma certa dúvida
quando a facticidade da via. Foram necessários meses e investidas
para então liberarmos a linha que agora pode ser a mais difícil de um dos
setores mais clássicos de Siurana.
Enquanto isso encadenamos algumas vias do setor, alguns 7s, um 7c+ novo do Dani, um 8a+ clássico chamado "Gigololo" aberto nos anos 90 que é muito boa!! Mesmo contando com agarras cavadas a via é um clássico!!! Schen a "punto" de encadenar a "Renegoide" 8b+ , agora caindo em cima... "Tá quaseee..." E nas próximas semanas continuamos pelo setor provando outros clássicos do rock.
Além de tudo estamos equipando um setor "novo" que apelido de "Pared Paraíso Perdido" (P3) em homenagem a parede que me mostrou, enchendo os olhos, o futuro que me esperava dentro da escalada. Foram incríveis as primeiras escaladas na mais prazerosa parede da Floresta da tijuca-RJ.
Não existe muita semelhança com a escalada mas com certeza existe uma "paz" em comum...
Parede Paraíso Perdido - Arboli
P3 Clássico - foto:Luis Cláudio "Pita". |
Além de tudo estamos equipando um setor "novo" que apelido de "Pared Paraíso Perdido" (P3) em homenagem a parede que me mostrou, enchendo os olhos, o futuro que me esperava dentro da escalada. Foram incríveis as primeiras escaladas na mais prazerosa parede da Floresta da tijuca-RJ.
Não existe muita semelhança com a escalada mas com certeza existe uma "paz" em comum...
O setor em Arbolí na verdade já estava aberto (trilha), mas devido
ao grande trabalho (limpeza e sika para reforço) foi esquecido por muitos anos
e inexplorado em sua maior extensão. Um verdadeiro Paraíso Perdido.
Depois de alguns dias começamos a frequenta-lo e junto com Pita e Lu estamos abrindo as primeiras "kinglines" do setor. Um "desplome" de uns 30o graus constante com uns 35 metros, no total de 16 chapas de pura resitência...
"Paraíso Perdido - Arboli" |
Setor visto do "can piqui pugui". |
Magi visualizando as linhas. |
Lu no meio da 1a via "Haga lo que quieras". |
Depois de alguns dias começamos a frequenta-lo e junto com Pita e Lu estamos abrindo as primeiras "kinglines" do setor. Um "desplome" de uns 30o graus constante com uns 35 metros, no total de 16 chapas de pura resitência...
Parede virgem... linda!!! |
Abrir vias é incrível mas ao mesmo momento é um delicado assunto nos dias de hoje, pois até onde podemos chegar/enxergar? Utilizar sika mesmo para proteger uma via, equipar setores que são "quase lisos" ao nosso ponto de vista vale realmente a pena??? Depois de vivenciar alguns momentos no Brasil e agora na Espanha ainda acho que o mais importante é escalar de fato, adquirir experiência, carga horária de "vôo", aumentar a biblioteca de movimentos e aguçar a visão...
Em alguns dias terminamos a 1a via no "p3" e com certeza estarei preparando um post sobre a conquista e escalada. "HAGA LO QUE QUIERAS" 8b+/c???...
Boas escaladas e boas ondas... ;)
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