Como prometido, segue o vídeo da ascensão na via "História Sem Fim" realizada nessa última terça-feira.
Primeira ascensão da via "História Sem Fim" depois da quebra da primeira agarra.
As imagens foram capturadas pela escaladora Adriana Moura com uma câmera de foto digital que também tem a função de filmar. Esse é o mesmo equipamento que foi utilizado nos demais posts e que tem ilustrado a maioria das matérias que são postadas aqui. Até que tem segurado a onda legal, apesar de ter deixado na mão durante essa filmagem.
Meus agradecimentos pessoais aos loucos de preda que frequentam o blog e aos comentários feito por eles. Em relação a via, devo agradecer aos irmãos Lucas e Márcio pelo incentivo, ao Moleza e Arno por deixarem a via equipada e a Adriana pelas imagens.
Por Bernardo Biê
quarta-feira, 15 de julho de 2009
terça-feira, 14 de julho de 2009
É decretado o fim da "História sem fim"
Até onde sei, a via foi aberta nos anos 90 pelo Marcelo Ramos e no início foram colocadas agarras de plástico na primeira sessão e no trecho final - respectivamente no que atualmente é o primeiro crux, que precede a fenda que caracteriza a via, e no segundo crux na parte final antes da corrente, além de terem cavado um tridedo em um abaolado que logo depois foi devidamente tapada.
Na época, dessa maneira, era ela cotada em 7b+ francês ou 8c brasileiro. Logo fortes escaladores como: Alexandre Portela, Helmut Becker, Fábio Muniz, Ralf Cortês, Pita entre outros, isolaram os lances e retiraram as agarras de plástico tornando a via um 8b francês ou 10b brasileiro que teve sua primeira ascensão pelo Helmut Becker ainda em meados dos anos 90
.
Assim foi por um bom tempo, porém, após a quebra da primeira agarra (imensa por sinal) o lance ficou muito difícil e até então nenhum escalador havia isolado. Depois de um tal de cola e descola a agarra, por conta de alguns desentendimentos, a via acabou ficando sem ela e com isso ficou sendo considerada do segundo lance para cima com a mesma cotação (8b(fra) ou 10b(bra)) e assim foi encadenada por alguns escaladores.
Há pouco mais de um ano atrás o escalador brasiliense Pedro Raphael descobriu uma nova saída do chão, um pouco mais a esquerda da linha original, e após fazer a via do segundo movimento em diante passou a acreditar que essa seria mais difícil se feita do chão, desta forma sugeriu a graduação de 8b+ francês ou 10c brasileiro para uma possível ascensão integral, ou seja, do chão até a corrente.
Recentemente o escalador paranaense Fábio "Moleza" conseguiu isolar o primeiro movimento usando a linha original - nota-se que ambos escaladores contam com uma boa envergadura o que tornou possível o lance, já que se trata de um longo reboteio entre duas agarras boas - abrindo as portas para a ascensão integral.
De carona com esses mestres das preda tudo, vim trabalhando a via em paralelo a alguns projetos que tinha visado para esse ano, além de pendências anteriores. Em poucas entradas - com a ajuda da boa estatura e envergadura - consegui isolar o lance do chão e cheguei a cair no segundo crux da via (3 costuras do final), fiquei animado com a possibilidade que se abria diante de mim.
Depois de concluir alguns projetos pessoais que ficaram "pendentes" do ano passado, resolvi dar mais atenção a essa via, porém, o corpo fraquejou e acabei recentemente tendo uma lesão no ombro direito que me tirou a confiança e a motivação. Mesmo lesionado, fiquei um tempo escalando sob suspeita e muito exitante evitando de entrar em vias e movimentos duros, principalmente para o ombro. Semana passada ao chegar no C.E. 2000, vi que tinham deixado a via toda equipada, linda, com as costurinhas balançando ao vento e não resisti. Comecei a entrar da fenda para cima (da terceira costura em diante), ainda com cautela, mas como fui muito bem logo de cara, recuperei ânimo e me vi dominado novamente pela certeza absoluta de que era possível.
No último domingo, entrei bem novamente mas não consegui fazer o primeiro movimento, mesmo tendo tentado diversas vezes. Confesso que fiquei um pouco frustrado, mas ainda sim a certeza me acompanhava.
Hoje, terça-feira 14 de julho, após uma boa noite de sono e um bom café da manhã, além da companhia de bons amigos, surpreendentemente o primeiro movimento saiu na primeira tentativa, mas mesmo assim deixei a oportunidade passar ao cai no segundo movimento (também muito difícil e instável). Tentei mais algumas vezes e depois de acertar com certa facilidade só fui me deparar com o que estava acontecendo quando escutei a comemoração do meu irmão que estava fazendo minha segurança, nesse momento a ficha caiu e estava diante da última costura.
Trabalhando a via "História sem fim" do segundo movimento em diante
Sendo assim optei por manter a cotação sugerida por aqueles que entendem do assunto, apesar de não ter sido a via que mais me exigiu, principalmente pelo prazer que é escalá-la, tenho a impressão que realmente é uma via dura.
Como disse uma vez um mestre de preda: "Celebrar um pouco e procurar o próximo desafio, pois a busca nunca termina".
Em breve posto o vídeo da cadena que foi feito as pressas enquanto subia a via.
Fonte: Arquivo pessoal.
Editado em 15/07/2009 - 16:30h
OBS: "Histótia sem fim" - Conquistadores: Marcelo Ramos e Eduardo Peixoto em 1990.
Por Bernardo Biê
Na época, dessa maneira, era ela cotada em 7b+ francês ou 8c brasileiro. Logo fortes escaladores como: Alexandre Portela, Helmut Becker, Fábio Muniz, Ralf Cortês, Pita entre outros, isolaram os lances e retiraram as agarras de plástico tornando a via um 8b francês ou 10b brasileiro que teve sua primeira ascensão pelo Helmut Becker ainda em meados dos anos 90
.
Assim foi por um bom tempo, porém, após a quebra da primeira agarra (imensa por sinal) o lance ficou muito difícil e até então nenhum escalador havia isolado. Depois de um tal de cola e descola a agarra, por conta de alguns desentendimentos, a via acabou ficando sem ela e com isso ficou sendo considerada do segundo lance para cima com a mesma cotação (8b(fra) ou 10b(bra)) e assim foi encadenada por alguns escaladores.
Há pouco mais de um ano atrás o escalador brasiliense Pedro Raphael descobriu uma nova saída do chão, um pouco mais a esquerda da linha original, e após fazer a via do segundo movimento em diante passou a acreditar que essa seria mais difícil se feita do chão, desta forma sugeriu a graduação de 8b+ francês ou 10c brasileiro para uma possível ascensão integral, ou seja, do chão até a corrente.
Recentemente o escalador paranaense Fábio "Moleza" conseguiu isolar o primeiro movimento usando a linha original - nota-se que ambos escaladores contam com uma boa envergadura o que tornou possível o lance, já que se trata de um longo reboteio entre duas agarras boas - abrindo as portas para a ascensão integral.
De carona com esses mestres das preda tudo, vim trabalhando a via em paralelo a alguns projetos que tinha visado para esse ano, além de pendências anteriores. Em poucas entradas - com a ajuda da boa estatura e envergadura - consegui isolar o lance do chão e cheguei a cair no segundo crux da via (3 costuras do final), fiquei animado com a possibilidade que se abria diante de mim.
Depois de concluir alguns projetos pessoais que ficaram "pendentes" do ano passado, resolvi dar mais atenção a essa via, porém, o corpo fraquejou e acabei recentemente tendo uma lesão no ombro direito que me tirou a confiança e a motivação. Mesmo lesionado, fiquei um tempo escalando sob suspeita e muito exitante evitando de entrar em vias e movimentos duros, principalmente para o ombro. Semana passada ao chegar no C.E. 2000, vi que tinham deixado a via toda equipada, linda, com as costurinhas balançando ao vento e não resisti. Comecei a entrar da fenda para cima (da terceira costura em diante), ainda com cautela, mas como fui muito bem logo de cara, recuperei ânimo e me vi dominado novamente pela certeza absoluta de que era possível.
No último domingo, entrei bem novamente mas não consegui fazer o primeiro movimento, mesmo tendo tentado diversas vezes. Confesso que fiquei um pouco frustrado, mas ainda sim a certeza me acompanhava.
Hoje, terça-feira 14 de julho, após uma boa noite de sono e um bom café da manhã, além da companhia de bons amigos, surpreendentemente o primeiro movimento saiu na primeira tentativa, mas mesmo assim deixei a oportunidade passar ao cai no segundo movimento (também muito difícil e instável). Tentei mais algumas vezes e depois de acertar com certa facilidade só fui me deparar com o que estava acontecendo quando escutei a comemoração do meu irmão que estava fazendo minha segurança, nesse momento a ficha caiu e estava diante da última costura.
Trabalhando a via "História sem fim" do segundo movimento em diante
Sendo assim optei por manter a cotação sugerida por aqueles que entendem do assunto, apesar de não ter sido a via que mais me exigiu, principalmente pelo prazer que é escalá-la, tenho a impressão que realmente é uma via dura.
Como disse uma vez um mestre de preda: "Celebrar um pouco e procurar o próximo desafio, pois a busca nunca termina".
Em breve posto o vídeo da cadena que foi feito as pressas enquanto subia a via.
Fonte: Arquivo pessoal.
Editado em 15/07/2009 - 16:30h
OBS: "Histótia sem fim" - Conquistadores: Marcelo Ramos e Eduardo Peixoto em 1990.
Por Bernardo Biê
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Travessia dos Olhos Noturna - Pedra da Gávea
Mais uma vez, dessa vez em nova companhia e motivado pela forte energia e luminosidade da Lua Cheia em Câncer, foi realizada a "Passagem dos Olhos" (como contado em postagem anterior).
A via é localizada na Pedra da Gávea e normalmente é chamada de "Travessia dos Olhos" pelos escaladores que conheço. Abençoada com um visual deslumbrante da cidade, onde a noite as luzes da babilônia formam um grande vitral hiper estímulante a céu aberto e durante a alvorada o mais sublime e corriqueiro ciclo se renova, enchendo os olhos de inspiração e vida, essa via se torna mais que uma escalada e esse lugar mais do que apenas uma montanha cercada de mitos e lendas.
O mais interessante é que dessa vez nada foi combinado e as coisas fluíram de forma leve e suave de acordo com o que estávamos esperando. Me encontrei com meu amigo, Lucas "Jah", em sua casa para jantar e trocar idéias acerca da escalada e da vida. Papo vai papo vem, do nada surgiu a vontade de aproveitar aquela noite perfeita que fazia, já que, além de estarmos vivos e motivados o clima era ameno e o céu totalmente estrelado sendo regido por uma intensa Lua Cheia, não exitamos em partir assim que possível.
Como "Jah" mora bem próximo da montanha, cerca de 50 metros do acesso, não demoramos muito em começar a trilha. Outro fato interessante foi que levamos apenas uma lanterna de cabeça (head lamp) para backup e nem preciso falar o porque né! A luz da Lua parecia um poste acesso sobre nós e a visibilidade era incrível, até parecia dia.
Subimos a trilha muito rápido - talvez uma das vezes que subi em menos tempo - mesmo sem ter pressa para chegar ou para voltar nosso ritmo era constante e agradável. Levamos apenas o mais básico equipamento e suprimento: corda, alguns mosquetões avulso, sapatilha, casaco, o "Jah" levou seu saco de dormir, água e um pedaço de rapadura era tudo o que precisávamos para escalar com segurança e passar uma noite divertida e tranquila de sono no "Olho do Imperador".
Vídeo com resumo da escalada na via "Passagem dos Olhos", Pedra da Gávea
A escalada foi, também, muito rápida e tranquila principalmente por fazermos tudo a francesa com uma corda bem curta. Logo que chegamos ao platôr do olho esquerdo (para quem vê virado de frente para a pedra) preparamos o esquema de segurança para passar a noite e nos acomodamos devidamente em nosso bivaque. Em pouco tempo uma "multidão" de pessoas começaram a dar o ar da graça pela trilha em direção ao cume, todos motivados pela mesma energia.
Acendemos uma vela para dar suporte a ritualística leitura, dividimos um pequeno pedaço de rapadura para energizar o corpo, agradecemos a Deus todas as coisas que nos levaram a estar ali e em pouco tempo já estava apagado no mais tranquilo sono profundo.
Ao acordar, mais uma vez, fomos afortunados com o mais belo nascer do sol. Logo em seguida tocamos o cabo de aço que dá acesso ao cume e lá interagimos com as possíveis mais de 30 pessoas que também tinham dormido lá para vislumbrar a energia lunar e o nascimento de mais um dia, concluindo assim mais um ciclo planetário, e portanto, mais um dia em nossas vidas.
Ao concluir a descida da trilha, ainda tomamos um revigorante banho de cachoeira para começar o dia com entusiasmo, bom humor e força total.
Fica a sugestão e o incentivo aos loucos de preda que ainda não tiveram a oportunidade de praticar esse passeio noturno maravilhoso, com inesquecíveis paisagens, agradável escalada e excelente exercício mental e físico, além é claro, de bons momentos para recordar.
Fotos e Vídeos: Arquivo pessoal.
Por Bernardo Biê
A via é localizada na Pedra da Gávea e normalmente é chamada de "Travessia dos Olhos" pelos escaladores que conheço. Abençoada com um visual deslumbrante da cidade, onde a noite as luzes da babilônia formam um grande vitral hiper estímulante a céu aberto e durante a alvorada o mais sublime e corriqueiro ciclo se renova, enchendo os olhos de inspiração e vida, essa via se torna mais que uma escalada e esse lugar mais do que apenas uma montanha cercada de mitos e lendas.
O mais interessante é que dessa vez nada foi combinado e as coisas fluíram de forma leve e suave de acordo com o que estávamos esperando. Me encontrei com meu amigo, Lucas "Jah", em sua casa para jantar e trocar idéias acerca da escalada e da vida. Papo vai papo vem, do nada surgiu a vontade de aproveitar aquela noite perfeita que fazia, já que, além de estarmos vivos e motivados o clima era ameno e o céu totalmente estrelado sendo regido por uma intensa Lua Cheia, não exitamos em partir assim que possível.
Como "Jah" mora bem próximo da montanha, cerca de 50 metros do acesso, não demoramos muito em começar a trilha. Outro fato interessante foi que levamos apenas uma lanterna de cabeça (head lamp) para backup e nem preciso falar o porque né! A luz da Lua parecia um poste acesso sobre nós e a visibilidade era incrível, até parecia dia.
Subimos a trilha muito rápido - talvez uma das vezes que subi em menos tempo - mesmo sem ter pressa para chegar ou para voltar nosso ritmo era constante e agradável. Levamos apenas o mais básico equipamento e suprimento: corda, alguns mosquetões avulso, sapatilha, casaco, o "Jah" levou seu saco de dormir, água e um pedaço de rapadura era tudo o que precisávamos para escalar com segurança e passar uma noite divertida e tranquila de sono no "Olho do Imperador".
Vídeo com resumo da escalada na via "Passagem dos Olhos", Pedra da Gávea
A escalada foi, também, muito rápida e tranquila principalmente por fazermos tudo a francesa com uma corda bem curta. Logo que chegamos ao platôr do olho esquerdo (para quem vê virado de frente para a pedra) preparamos o esquema de segurança para passar a noite e nos acomodamos devidamente em nosso bivaque. Em pouco tempo uma "multidão" de pessoas começaram a dar o ar da graça pela trilha em direção ao cume, todos motivados pela mesma energia.
Acendemos uma vela para dar suporte a ritualística leitura, dividimos um pequeno pedaço de rapadura para energizar o corpo, agradecemos a Deus todas as coisas que nos levaram a estar ali e em pouco tempo já estava apagado no mais tranquilo sono profundo.
Ao acordar, mais uma vez, fomos afortunados com o mais belo nascer do sol. Logo em seguida tocamos o cabo de aço que dá acesso ao cume e lá interagimos com as possíveis mais de 30 pessoas que também tinham dormido lá para vislumbrar a energia lunar e o nascimento de mais um dia, concluindo assim mais um ciclo planetário, e portanto, mais um dia em nossas vidas.
Ao concluir a descida da trilha, ainda tomamos um revigorante banho de cachoeira para começar o dia com entusiasmo, bom humor e força total.
Fica a sugestão e o incentivo aos loucos de preda que ainda não tiveram a oportunidade de praticar esse passeio noturno maravilhoso, com inesquecíveis paisagens, agradável escalada e excelente exercício mental e físico, além é claro, de bons momentos para recordar.
Fotos e Vídeos: Arquivo pessoal.
Por Bernardo Biê
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