Localizada no Parque Estadual da Pedra
Branca, em Jacarepaguá, a Pedra Hime se destaca ao longe devido a sua
verticalidade, sendo a principal característica da face que é situada a via
"Canino Cascudo". A formação
da Pedra Hime lembra um pouco o Pão de Açúcar, algumas características da via
remetem as escaladas do Totem, principalmente pela inclinação que em alguns
pontos chegam a atingir ângulos negativos.
Bernardo Biê na primeira enfiada da via "Canino Cascudo" - foto: Felipe Dallorto.
Até onde se sabe essa é uma via muito
pouco frequentada, talvez poucos escaladores se interessaram em repeti-la. Isso
era visível devido a quantidade de teias de aranha espalhadas pela via. Por
esse motivo decidimos fazer um croqui detalhado para que outros escaladores se
motivem a frequentar essa parede alucinante.
Bernardo Biê na terceira enfiada da via "Canino Cascudo" - foto: Felipe Dallorto.
Começamos nossa empreitada partindo de
ônibus da Barra até o centro da Taquara onde pegamos uma van até a comunidade
da Ilha do Sapo, que fica nos arredores da Pedra Hime. De lá demos início a
caminhada que leva entorno de 40 minutos até a base da via. A trilha é bem
sinalizada com trechos que passaram por recente manejo e manutenção pelos
integrantes da U.E.J. (União dos Escaladores de Jacarepaguá.), mesmo assim há
trechos onde a trilha parece fechar um pouco dificultando a orientação na parte
final.
Felipe Dallorto na quarta enfiada da via "Canino Cascudo" - foto: Bernardo Biê.
A via começa ao lado esquerdo de uma
árvore e segue muito bem protegida por grampos de meia polegada, o que torna a
navegação bem óbvia. O primeiro lance para proteger o primeiro grampo exige
atenção, além de ser o crux da enfiada (A0/8a), desse ponto em diante a via
segue por um lindo diedro graduado em 7c. A segunda enfiada é bem curta, da
parada não é possível ver o segundo grampo porque ele está escondido, o
terceiro grampo fica muito a esquerda fora da linha da via, obrigando o
escalador a sair da linha das agarras mais sólidas para proteger o lance. Esse
ponto requer uma boa leitura e bastante atenção ao pêndulo ocasionado por uma
possível queda.
Felipe Dallorto na horizontal da quarta enfiada da via "Canino Cascudo" - foto: Bernardo Biê.
Na terceira enfiada a via perde
inclinação seguindo por uma incrível canaleta amarelada. A medida que o
escalador ganha altura as agarras vão se tornando menos sólidas e nesse ponto
já é possível usar proteções móveis caso julgue necessário. Na quarta enfiada a
parede volta a ganhar inclinação, chegando a ficar negativa depois da sexta
proteção, onde começa a sequência do segundo crux da via cotado em 7b. Vale
ressaltar que para proteger o primeiro grampo dessa enfiada é preciso passar
por um lance desconfortável.
Felipe Dallorto no final da quinta enfiada da via "Canino Cascudo" - foto: Bernardo Biê.
Apesar de não parecer, na quinta enfiada
a via alivia a medida que o escalador avança em direção ao cume, sendo possível
a utilização de proteções móveis em alguns trechos, principalmente antes da
horizontal. As últimas enfiadas são curtas, existindo a possibilidade de
emenda-las até o cume, já que lá tem uma parada dupla que é o final da via "Canino
Sampaio".
Bernardo Biê e Felipe Dallorto no cume da Pedra Hime, Jacarepaguá.
Do cume a descida é feita por trilha.
Caso seja necessário rapelar pela via é bom ficar atento as horizontais. O
melhor horário para começar a escalar é a partir de 13h, que é quando a via
começa a ficar na sombra. O tempo de duração pode variar de acordo com a
velocidade da dupla de escaladores. Apesar da via ser muito bem protegida (o
que facilita a orientação), vale ficar atento em caso de queda, principalmente
na primeira enfiada onde existe a eminência de cair no chão antes de proteger o
primeiro grampo, e na quarta enfiada onde o primeiro lance é esquisito em
agarras duvidosas.
O livro de cume da Pedra Hime fica
escondido embaixo de uma laca invertida, perto da parada dupla que sinaliza o
final da via "Canino Sampaio".
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