No episódio 10 do
programa montanhistas comemoramos os 100 anos do montanhismo
brasileiro escalando a montanha símbolo nacional, o Dedo de Deus.
A via escolhida não
poderia ser mais significativa, subimos pela clássica Maria Cebola
uma das mais frequentadas da montanha. Uma via que mescla caminhada,
escalada em agarras e chaminés, sendo o acesso mais simples e direto
ao cume. Realmente mais uma aventura do que qualquer outra coisa,
dando idéia do estilo de escalar de outra era onde a mentalidade, os
equipamentos e técnicas se diferenciavam muito dos dias atuais –
fato que me inspira muito quando me proponho a repetir uma via como
essa. Durante a escalada sempre penso nos escaladores de antigamente
com suas cordas de cisal amarradas na cintura, subindo em galhos
trazidos do chão para auxiliar nos lances mais técnicos, e todas as
histórias de aventuras que surgiam dessas empreitadas consideradas
heróicas, como foi a conquista do Dedo de Deus. É inevitável a
comparação com o contexto do montanhismo atual. Hoje em dia as
facilidades que o desenvolvimento do esporte oferece torna uma
escalada como essa não tão heróica como outrora, mas isso é mais
uma razão que me motiva.
A aventura começa na
rodovia que liga a cidade de Teresópolis ao Rio de Janeiro. É de lá
que sai a trilha íngreme que dura aproximadamente 40 minutos até a
base dos cabos de aço que caracterizam o início da escalada - pelo
menos assim considero, já que é aconselhável o uso de equipamentos
de segurança nesse trecho, podendo ser altamente arriscado a
negligência desse fato.
Depois de subir boa
parte da montanha pelos cabos de aço, chegamos até o ponto onde
começa a via Maria Cebola. Entre trechos de caminhada, escalada,
subindo pelas raízes das árvores, passando por dentro de buracos,
arrastando o corpo pelas chaminés e ziguezagueando de um platô ao
outro, ganhamos altura rapidamente e quando percebemos o maravilhoso
visual atrás da gente já nos damos conta de que estamos próximos
ao cume.
Nos últimos metros de
chaminé chegamos ao ponto final da escalada, um grande platô com
uma escada de ferro que dá acesso ao topo. Subindo a escada chegamos
ao ponto mais alto da montanha, o cume do Dedo de Deus e sua incrível
vista panorâmica. Sem muito esforço encontramos a urna que abriga o
livro de cume. Nessa ocasião especial a urna e o livro de cume
estavam todos decorados em comemoração aos 100 anos da conquista do
Dedo de Deus, com fotos da época e alguns dizeres dos conquistadores
sobre essa escalada que simboliza o montanhismo no Brasil.
Aproveitei a vista que
estava deslumbrante, degluti um delicioso lanche vegetariano
comemorando o final de mais uma escalada juntos. Assinei o livro de
cume em nome de toda a equipe responsável pela produção do
programa – os que escalam e, principalmente, os que não escalam
(produtores, editores, finalizadores etc) - e começamos a organizar
a descida.
Outra parte dessa
aventura que fizemos questão de comentar foi o rapel, que contorna a
montanha até voltar a trilha de cabo de aços pela qual subimos.
Depois de descer a trilha em alta velocidade chegamos ao ponto onde
tudo começou, prontos para a próxima aventura.
http://canaloff.globo.com/programas/montanhistas/videos/2149353.html
Por Bernardo Biê
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